sexta-feira, 10 de dezembro de 2021

Escritas em Dança: Escritos sobre oficinas e residências

 Por Stephany Motta


A edição 2021 do Curta Dança trouxe diferentes experiências de formação! Nossa estagiária Stephany Motta conta um pouco de suas sensações:


Oficina Dança dos Orixás - Dia 01
Sem dúvida foi um momento muito marcante para o público presente, onde se exaltou de forma expressiva a dança como principal expressão corporal.
Em seu 1° dia de edição, o artista Omimbruno Bruno Jansen soube encantar os participantes com suas performances e técnicas bem estruturados, misturados à sons típicos e seu carisma único.
Vemos este momento, como sendo além de descontraído, uma oportunidade de inclusão, representatividade e exaltação das nossas raízes.

Oficina Dança dos Orixás - Dia 02
As manifestações positivas e o aprendizado não cessou no 2° dia do Evento. Muitos outros orixás foram contemplados, e mais uma vez houve a mistura de movimentos, ritmo e história viva.
No final deste dia, houve um bate papo sobre os desdobramentos até aqui e o compartilhamento de jornadas, experiências e sabedoria de vida.
Até o momento muito se aprendeu sobre a dança e suas linguagens, sobre como o nosso templo se conecta com as divindades e sobre como mesmo distantes (devido à situação pandêmica existente) estamos ligados por uma energia que transforma e estimula a sermos sempre melhores.]

Oficina Dança dos Orixás - Dia 03
E hje foi o último dia da edição da oficina Dança dos Orixás. Seria precipitado dizer último dia, pois foi o início de grandes conexões e o pontapé inicial para grandes projetos.
Muito foi aprendido, e saímos com a sensação de dever cumprido, mas com a consciência que há um longo caminho a se trilhar.
O artista Omimbruno Bruno Jansen sem dúvida ofertou sua melhor performance, vale destacar que em contrapartida houve também muita entrega e troca de energias, resultando em muitos feedbacks des participantes.
Fica aqui o sentimento de gratidão e a certeza que a cultura e o respeito pelas raízes não morrerá!

Oficina Danças de Salão - Dia 01
A proposta da oficina, através da metodologia da professora Jocélia Freire, foi apresentar de forma crítica como a estrutura de gênero pode refletir no desenvolvimento da dança e num cenário mais amplo, mostrar como afeta o cotidiano, as ações e metodologias humanas.
Apresenta como os passos da dança estão ligados aos conceitos de poder, posse, autoridade (da figura masculina), e a passividade, sensibilidade forçada e moderação da sensualidade (na figura feminina).
A dança reflete as ideologias, inquietações e comportamentos humanos, num âmbito padrão; sendo tal, deve ser encarada como um organismo vivo e em constante transformação, sendo preciso a desconsideração de estigmas negativos, elitistas e preconceituosos.
É uma manifestação corporal, e sendo, deve dispensar obrigatoriedade de gênero, levando em conta que esta manifestação se dá por inquietações e cargas, sendo natural de TODOS SERES HUMANOS, sem distinção.
Sem dúvida, este primeiro dia foi incisivo, polêmico e de cunho reflexivo, sem dúvida se tornando necessária e de utilidade pública.
Uma nota pessoal é que a solução efetiva (porém não tão fácil de se resolver) para a questão dos estigmas enraizados (neste caso na dança e seus desdobramentos) é o investimento e destaque na Educação, mas com um pensamento e análise crítica, abordando uma desconstrução e um olhar clínico em pontos além dos passos, mas sim em significados e contextos históricos.

Oficina Danças de Salão - Dia 02
Neste segundo e último dia de oficina, foi focalizado principalmente o contexto histórico na dança e suas construções e no cotidiano.
Foram exaltados nomes de mulheres que representam o decolonialismo na dança; mulheres que fazem história e que fogem totalmente do padrão estereotipado, como por exemplo a dançarina Angela Cheirosa.
Neste dia a pauta discursiva foi sobre o tango e suas estruturas padronizadas. Não fugindo da prerrogativa da oficina anterior, conseguimos analisar e apontar estigmas estruturais de gênero, "raça" e outras segregações.
A oficina em si foi marcada por imensos debates e mostras de opiniões, a respeito principalmente dos papéis de gênero.
Muito do Tango foi apresentado: como surgiu, contexto histórico, integrantes e sua evolução até os dias de hoje.

Residência Travessias - Dia 01
Ministrada pela professora Claudiana Santos, o primeiro dia de oficina levantou a reflexão sobre pertencimento, sobre o que se entende por território e o que a questão de becos e vielas pode ser contextualizada na realidade atual.
Muito foi discutido sobre pequenas ações do cotidiano, mas como essas ações podem ter um contexto histórico de construção.
Finalizando o dia, foi pautado as vitórias, transformações e lutas de uma "minoria" e como isso é uma forma de resistência e desobediência perante à sociedade.

Residência Travessias - Dia 05
A oficina de hoje foi marcada por imensos debates acerca da ausência: ausência de corpos, ausência de inclusão, ausência de ideias.
No cenário da dança não é diferente: ainda há muita carência de acessibilidade para os deficientes físicos, um exemplo disso é a pouca representatividade do público com algum tipo de deficiência no meio, segregando ainda mais essa expressão de arte e cultura.
Quanto à esta situação, uma situação pautada (teoricamente fácil, mas na prática algo de construção complexa) seria incluir no universo dança (festivais, oficinas, festas regionais, palestras, ...) recursos para inclusão, como intérpretes de libras por exemplo, mas de forma fixa, efetiva e natural.
Foi colocado em pauta também a situação da pandemia quanto ao novo olhar aos deficientes audiovisuais: com a quarentena, resultado da situação pandêmica, muitas programações de diversos segmentos se deram por lives, por presença remota, que de certa forma ampliou o acesso desse público à áreas não acessadas.
Muitas coligações foram feitas, abrindo espaço para reflexões, questionamentos e posicionamentos. Algo extremamente necessário e atemporal.

Residência Travessias - Dia 06
Último dia de residência: tanto foi vivido, debatido, explorado até aqui. Neste 6° dia, não se adentrou em assuntos conceituais mas sim em cada participante, como um ser com planos, experiências e vivência.
Cada presente falou um pouco de si: suas jornadas, idealizações e sonhos, em como a dança foi um mecanismo comum de transformação e um divisor de águas na vida de todos.
Foi interessante ver a busca de cada um, sentir que todos em suas diferenças são semelhantes: cada um no seu tempo, buscando seu "lugar ao Sol", e buscando refúgio das mazelas da sociedade pelas vertentes da cultura e arte.
Fica a gratidão, os aprendizados adquiridos e a certeza de que é necessário e urgente a defesa de apoio e incentivo cultural no Brasil, principalmente pelos Órgãos Públicos, já que como resultado se tem a transformação a um olhar crítico em toda uma sociedade.